BRAILLE: VAMOS RESSALTAR ESSES PONTOS

Resumo da Evolução do Sistema Braille

Por Regina Fátima Caldeira de Oliveira


1. Antecedentes

O Braille não foi o primeiro nem o único sistema de leitura tátil.

Século XIV: Há documentos que falam de um célebre professor árabe, chamado Zain-Din Al Amidi, que criou um método para identificar seus livros e resumir algumas informações. Embora tenha perdido a visão logo após o nascimento, Zain-Din dedicou-se ao estudo da jurisprudência e de línguas estrangeiras. Seu método consistia em fazer espirais de papel bem fino, que eram engomadas e dobradas sobre os caracteres, permitindo-lhe a leitura.

1517: Na Espanha, Francisco Lucas idealizou um jogo de letras esculpidas em finas placas de madeira. Essa idéia chegou à Itália em 1575, onde foi melhorada por Rampansetto, que passou a utilizar blocos maiores, recortados e não entalhados. Os dois sistemas falharam, pois a leitura era muito difícil.

1651: Em Nuremberg, Jorge Harsdorffer ressuscitou um método clássico, que consistia em utilizar uma tábua recoberta com cera, sobre a qual se escrevia com um estilete.

Século XVII: Foram tentados outros métodos, utilizando letras de metal e outros materiais, mas que não deram resultado, pois as letras eram ásperas e difíceis de ser decifradas.

Século XVIII: Maria Teresa von Paradis, que inspirou Valentin Haüy, foi alfabetizada por meio de alfinetes cravados em uma base.

1741: Diderot, em seu livro "Carta aos Cegos", fala de uma mulher que teria sido alfabetizada através de letras recortadas em papel.

1784: Valentin Haüy funda o Instituto Real dos Meninos Cegos, em Paris. Acidentalmente, um de seus alunos, o jovem Lesseur, descobriu que podia reconhecer letras fortemente impressas em papel. Haüy passa a utilizar esse método para alfabetizar seus alunos.





2. Origem do Sistema Braille

Por volta de 1811, Charles Barbier de la Serre, capitão de artilharia francês, criou um sistema de escrita noturna que permitia a comunicação entre os soldados em campanha. O sistema de Barbier estava baseado em um tabuleiro de 36 quadrados, cada qual relacionado com um som. Cada som estava representado no tabuleiro por um paralelogramo de pontos. Esse sistema destinava-se, basicamente, à emissão de sons, pois, segundo Barbier, soletrar era supérfluo para as massas.

Em 1821, Barbier visitou a escola de Haüy e apresentou seu sistema, com a intenção de que viesse a ser utilizado pelos alunos cegos. O sistema popularizou-se entre os alunos do Instituto.


3. Louis Braille

Nasceu a 4 de janeiro de 1809, em Coupvray, na França. Perdeu a visão aos três anos de idade, depois de um acidente na oficina de seleiro de seu pai. Em 1819 ingressou no Instituto Real dos Meninos Cegos. Tinha uma grande capacidade de concentração e uma mente bastante metódica. Familiarizou-se rapidamente com o sistema de Barbier, mas empenhou-se muito na busca de uma forma mais simples de escrita e leitura para as pessoas cegas.

Em 1825, apresentou a primeira versão de seu sistema baseado em seis pontos que, combinados, permitiam a escrita do alfabeto, da pontuação e de números. Deixou-nos, também, uma simbologia para a Matemática, a Química, a Musicografia e a Taquigrafia. O sistema Braille permite, também, a transcrição de mapas e gráficos.

Louis Braille reconheceu publicamente que o sistema de Barbier foi a base para a criação de seu sistema. Barbier, por sua vez, também reconheceu a genialidade de Louis Braille, que soube adaptar seu sistema às necessidades das pessoas cegas. Louis Braille morreu a 6 de janeiro de 1852, vítima de tuberculose.

Em 1877, durante o Congresso Internacional de Surdos-Cegos, o Braille foi universalmente reconhecido como o melhor sistema de escrita e leitura para os cegos.

No Brasil, o Braille foi introduzido em 1850, por José Álvares de Azevedo, jovem cego que havia ido estudar em Paris. Em 1854, com a Fundação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, hoje Instituto Benjamin Constant, o sistema passou a ser ensinado regularmente.


(Regina Fátima Caldeira de Oliveira é formada em Letras pelas Faculdades Metropolitanas Unidas, de São Paulo. Perdeu a visão aos 7 anos de idade, em conseqüência de um Glaucoma congênito. Desde 1987 atua como consultora braille na Fundação Dorina Nowill para Cegos. É membro da Comissão Brasileira do Braille, instituída pelo Ministério da Educação em 1999, e do Conselho Ibero-Americano do Braille, criado em 1997.)





ALGUMAS INSTITUIÇÕES BRASILEIRAS ONDE SE PODE APRENDER O SISTEMA BRAILLE:

Instituto Benjamin Constant
http://www.ibc.gov.br

FUNDAÇÃO DORINA NOWIL
HTTP://www.fundacaodorina.org.br/inicio.asp

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