A REVOLTA E AS REVIRAVOLTAS DE UMA LETRA

       Eduardo Fernandes Paes e Sonia B. Hoffmann


   Um novo dia de trabalho tem seu começo. O Dr. Aurélio se dedica muito à sua profissão e, durante todos os 20 anos que a exerce, encontrou muitas situações diferentes e jamais sentiu alguma monotonia porque os casos surgidos sempre apresentaram novas maneiras e formas de expressão. Para ele, o direito que cada um de nós temos a viver nossa diversidade é o valor de maior riqueza que o ser humano possui.


   Sua secretária, em função de tantos anos de trabalho junto a ele, conhece bem seus hábitos e o modo especial como trata cada um daqueles que buscam seu auxílio profissional. Por isso, ela procura deixar tudo muito bem organizado e arrumado para que todos sintam-se confortáveis e para que as probabilidades de sobressaltos sejam as menores possíveis.


   Como sempre acontece, ele chega sorridente e cumprimenta a todos no prédio: desde o porteiro ao ascensorista. Entra no consultório pela porta lateral e analisa cuidadosamente as fichas de seus pacientes que já se encontram sobre a mesa de trabalho.


   Embora já se achasse acostumado com as novidades impactantes, naquele dia, entretanto, ele estranha que em uma destas fichas, no campo apropriado para a escrita do nome do paciente, esteja registrado apenas a letra H. Por esse motivo, o Dr. Aurélio decide interfonar para sua secretária pedindo-lhe uma explicação sobre aquele fato esquisito, e ela lhe revela um outro fato ainda mais estranho: o próximo paciente era justamente a letra H, em carne e osso, ou melhor, em perfeito símbolo gráfico.


   - A senhora está de brincadeira comigo, Dona Seleta?


   - Claro que não, Doutor. O seu próximo paciente , isto é, sua próxima paciente é uma letra mesmo, a letra H. E acho melhor o senhor não demorar muito a atendê-la, porque ela está com um aspecto muito triste e abatido e também me parece bastante nervosa...


   Dr. Aurélio desliga o interfone e vai até a porta de seu gabinete para tirar aquela história a limpo, já que está achando um imenso absurdo tudo aquilo.


   "Já me defrontei com muitas situações na vida... mas esta... Bem, vamos ver o que está acontecendo. Talvez, seja um engano... tenho pensado que a Dona Seleta anda precisando de férias mesmo!"


   No entanto, ao abrir a porta, seus olhos se arregalam diante do que vê na sala de espera de seu consultório: há realmente uma letra H sentada em uma das poltronas, com as perninhas cruzadas e esboçando um ar de extremo abatimento e inegável nervosismo.


   No mesmo momento, ela ergue sua cabeça em direção à porta e seu olhar suplicante cruza com o olhar espantado do Doutor que, há muito custo, consegue se refazer e gagueja:


   - Entre, por favor, senhorita... ou seria senhora H?


    - Já nem sei mais quem sou, Doutor... Quantos anos tenho, qual meu sexo... até o dicionário me confunde... nele, sou um substantivo masculino, mas é tão forte meu lado feminino de letra que me sinto um substantivo feminino! Serei Homossexual ou Heterossexual?... Penso que sou mesmo uma Hermafrodita.


   O Doutor Aurélio observava ainda espantado aquela letra que, em pé no centro da sala, torcia e retorcia aflitivamente suas mãos enquanto despejava uma torrente de palavras, as quais, em princípio, não pareciam fazer qualquer sentido.


   - Me sinto tão só, Doutor... abandonada, rejeitada, ignorada... Fico quase Histérica de vez em quando! Sinto dores Hepáticas Horríveis!!! Tenho descuidado até da minha Higiene: estou com mau Hálito e já tive sérias Hemorragias! Penso que vou me tornar Hipocondríaca!!!


   - Deite no divã e vamos ver como posso ajudar, disse o Doutor Aurélio, engolindo em seco diante do que pressentia ser um quadro complicado. - Diga-me o que a está afligindo.


   - Sabe o que é, Doutor... eu sempre soube que as pessoas não me pronunciariam naquelas palavras em que eu sou a primeira letra, já que a própria Fonética diz que em alguns momentos consideram-me uma consoante muda e, quando acompanho alguma outra letra, posso ser surda... Com este papel secundário na Hierarquia social do alfabeto, já estava até conformada... mas daí até acharem que não sou necessária ou me esquecerem na escrita de algumas palavras, vai uma grande diferença!!!


   - Bem, vamos com calma. Em primeiro lugar, de onde você tirou essa ideia de "hierarquia social do alfabeto"?! Você, como parte integrante e tão indispensável como todas as outras letras nesse alfabeto, deveria saber que toda letra possui suas próprias características e sua função na formação das palavras de uma língua.


   - Hummm... Será, Doutor, disse H, um tanto quanto Hesitante.


   - Pelo que percebo, você não concorda comigo, replicou o Doutor Aurélio, cada vez mais interessado no que aquela letra lhe dizia.


   - Pois é, Doutor. Sinto muito não concordar, mas... Eu já acreditei nisso que o senhor me falou, mas acho que toda essa importância que o senhor me atribui não é, pelo que sinto, verdadeira para grande parte das pessoas...


   - E por que diz isso, H?


   - Porque, Doutor... Porque, além de esquecerem de me colocar no início das palavras, muitas pessoas também me trocam por outra letra, mesmo acompanhada de uma grande companheira como é a letra C. Imagina, Doutor... alguns consideram muitas vezes que nós duas somos aquela vaidosa da X, que pensa ter a rainha na barriga, porque apresenta muitas possibilidades de pronúncia!...


   Enquanto H falava, o Doutor Aurélio se indagava: "Será que a Técnica da Hipnose poderia ser indicada neste caso?... Vamos aguardar."


   - ... Como o senhor julga que eu e minha amiga C nos sentimos ao nos vermos trocadas por essa arrogante da X em palavras como CHuCHu, CHave, fleCHa, caCHoeira, CHinelo, bochecha, entre outros absurdos?


   - Quer me dizer como você se sente, minha querida H, quando isso acontece?


   - Eu me sinto Hostilizada, Humilhada... Acho isto um crime Hediondo!!! Às vezes, tenho vontade de dar na X até ela ficar cheia de Hematomas!!! Aquela Hipócrita, Horrorosa, com aquele sorrisinho de Hiena que pensa estar sempre desfilando sob a luz dos Holofotes!!!


   - Calma, H, calma!!! Não se agite tanto, implorou o Doutor Aurélio ao perceber que H estava prestes a começar um quebra-quebra no seu consultório.


   - Ter calma, Doutor?! E quando me esquecem no início das palavras, então... Me sinto pior ainda!!! Isto é uma Hecatombe, um ato desprovido de qualquer Humanidade. Isto me revolta! Quero fugir, quero sumir da Língua Portuguesa!!! Providenciem meu Holocausto!!!


   - Não, não, não diga esta Heresia, H. Tome este copo d'água com Hortelã. Você vai ficar melhor.


   - Água!... Duas moléculas de Hidrogênio e uma de O... O... O... Me nego a dizer o som daquelazinha... Eu não tenho um som!!! Vou me embora, vou sumir de Helicóptero, de Hidroavião... Vou para além do Horizonte, onde "deve ter algum lugar bonito pra viver em paz", como diz o Roberto Carlos em sua bela canção.


   - Mas para onde exatamente você fugiria, H? perguntou o Doutor Aurélio com voz tranquilizadora.


   - Vou para a Inglaterra... ou talvez para os Estados Unidos... Ou quem sabe para a Austrália... Na Língua Inglesa, sou valorizada, eu existo quando dizem uma palavra onde estou, tenho um som! Lá, eu sou Horse, House, Heart... Aqui, tanto faz como tanto fez estar em Hospital, Habitação, Halter, Hotel... não me pronunciam mesmo!


   Nesta altura, o Doutor Aurélio já havia entendido completamente o problema de H: esta letra estava passando por uma forte crise de identidade, à beira da depressão. "Tenho de agir com Habilidade, pensou ele, pois ela tanto pode fugir quanto cometer um suicídio... e até o Homicídio da X."


   - Minha querida H, que tal se Hospedar em uma clínica gramatical por alguns dias... ou fazer uma viagem de repouso na cidade da Fonologia... ou assistir a filmes ortográficos bem-Humorados... ou...


   - Não!!! Não!!! Chega, Doutor Aurélio. O senhor não sabe o que é a crueldade dos Homens? Historicamente, venho passando por esta situação de discriminação. Eles me tratam como se eu fosse uma Homóptera!!!


   - Uma o quê? perguntou o Dr. Aurélio entre curioso e pasmo com a indignação de H.


   - Homópteros são insetos de duas asas membranosas e com aparelho bucal sugador, Doutor. Horripilante! Acho melhor cometer um Haraquiri!!!


   - Que Horror, que Horror, H! Não diga isso, morrer desse jeito... abrindo seu ventre! Lembra, estamos no Brasil, e não no Japão!!!


   H se fechou num silêncio Hermético. O Dr. Aurélio, percebendo que ela estava meditando sobre tudo que havia falado até aquele momento, aproveitou para igualmente refletir sobre toda aquela situação tão inusitada.


   "H está tão fragilizada... Penso que, nesta situação, seja melhor uma internação Hospitalar... Mas tenho de tomar cuidado para falar com ela sobre isto. Esta letra não reconhece sua importância e pode pensar que eu quero mandá-la para um Hospício só para me ver livre dela! Internada, ela poderia fazer um tratamento alopático ou Homeopático... Posso pedir Hemogramas... uma Helioterapia, quem sabe... um tratamento com a luz solar pode dar muito resultado. Tudo depende de como ela irá reagir... Mas será que não existe alguma outra alternativa de fazer com que H melhore sua autoestima?!"


   Enquanto isto, H se afundava cada vez mais nos seus pensamentos e nos seus sonhos de liberdade, de valorização e de cidadania... ou como H dizia, de "cidaletria". Sim, cidadania ou "cidaletria" porque, no pensamento de H, uma letra tinha direitos e deveres e ela os queria exercer em toda sua plenitude.


   "Que bom seria se eu estivesse em um vasto campo... Hectares e Hectares de Heliantos! Mas a realidade é dura... preferem dizer girassóis mesmo! E se eu não fosse uma letra, mas uma Havaiana... uma Holandesa... uma Hindu... uma Húngara... ou uma Hamburguesa, quem sabe!? Eu poderia também fazer parte de um Harem... ou me tornar uma Heroína!!! Em lugar de ficar me metendo na frente de algumas palavras, para ser esquecida por todos, eu poderia aprender a tocar Harmônica ou Harpa... Esquecida por todos... por todos... por quase todos... não tenho importância! não tenho importância alguma!!!"


   Esse pensamento em H começou a se repetir cada vez mais forte, a ressoar na sua mente, e ela, não aguentando mais essa força, quebrou o silêncio aos gritos:


   - Não tenho nenhuma importância! Não sou uma letra importante! Não gostam de mim!!!


   - Como pode dizer isso, H!? Você é muito importante. A sua falta em algumas palavras pode modificar o significado dessas palavras, disse o Dr.Aurélio, categórico.


   - A minha falta muda o sentido de algumas palavras, Doutor?!... Foi isso mesmo que o senhor disse? gaguejou H.


   - Sim, H. Pense bem... pense... hora e ora, sem h... As duas palavras têm significados diferentes, não é? argumentou o Doutor, feliz por ter encontrado uma maneira de H se afastar daqueles pensamentos negativos.


   - É verdade, Doutor... o senhor tem razão. Hora é um substantivo feminino e significa cada uma das 24 partes que formam o dia; enquanto Ora pode ser um advérbio, significando agora; ou pode ser uma conjunção equivalente a pois bem!


   - Isso mesmo, H. E que outras palavras você pode lembrar agora? Apressou-se em acrescentar o Doutor, fazendo com que H ocupasse seu pensamento com lembranças úteis e agradáveis.


   - Huno e uno! Huno é um adjetivo e se refere a alguém que fazia parte de um povo bárbaro, muito rude, da Ásia, no século V da Era Cristã. Foi um povo que colocou em risco o Império Romano. Mas uno é uma conjugação do verbo unir: eu uno as duas pontas e dou um nó!


   - Isso mesmo! Isso mesmo! Vá em frente, menina!! incentivou o Dr. Aurélio.


   - Hética e ética! Hética é um substantivo feminino e significa uma doença... é a diminuição lenta e progressiva da força do organismo... dizem também tísica...


   - E ética, H? perguntou o Doutor deslumbrado com a fisionomia mais entusiasmada da letra.


   - Ética, Doutor, é um substantivo feminino que significa o conjunto de princípios morais que devemos observar no exercício de uma profissão. Mas é importante que se tenha ética em todos os nossos relacionamentos, não apenas naqueles profissionais!


   - Viu, viu só como você é importante, H?


   - Hummm... Eu ainda não Havia pensado desse jeito... Hummm...


   - Mas pense, H, mas pense! repetia o Doutor Aurélio, muito alegre com as progressivas modificações no Humor de H.


   "Preciso manter H nesta linha de pensamentos, pois assim ela tem grandes possibilidades de retomar sua valorização como letra", ponderava o Doutor. Nisto, surgiu-lhe uma idéia brilhante:


   - H, lembra que falou sobre uma companheira com quem tem grande afinidade?


   - Sim, Doutor. É com a letra C, respondeu H.


   - Ela é a sua única amiga mais íntima?


   - Ah, não... tenho mais duas ótimas amigas: as letras L e N, com quem Formo dois dígrafos conhecidíssimos, Doutor. Claro que nossos encontros não são um sucesso assim como aquele das duplas sertanejas, mas temos uma grande popularidade. É gratificante a gente poder, juntas, construir tantas e tantas palavras, facilitando o entendimento entre as pessoas...


   - Conte-me mais sobre isto, H, incentivou o Doutor Aurélio, muito confiante.


   - Bem, então vamos começar desde o princípio de tudo, Doutor. O senhor lembra o que é um dígrafo?


   - Bem... Hummm... Um dígrafo é... Deixe-me pensar... Hummm...


   - Acho que é melhor eu lhe refrescar a memória, disse H, sorrindo marota. - Um dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para representar um único fonema, isto é, um único som. Existem muitos dígrafos, mas, no meu caso, acontecem somente quando me reúno com as letras C, L ou N.


   - Claro, isso mesmo... caiu a ficha, minha filha! brincou o Doutor Aurélio sorridente.


   - Ei, Doutor, o senhor falou três palavras seguidas com dígrafos: fiCHa, miNHa e fiLHa!


   - Exatamente, H, você é realmente uma letrinha muito popular e tem um jeitinho muito especial de explicar as coisas. Você já pensou em ser professora?


   - Ah, já pensei, sim, Doutor. Pensei em ser professora de tantas coisas... de História, de Hebraico, de Hagiologia, que vou logo explicando pro senhor que é a disciplina que estuda a vida dos santos e as coisas sagradas...


   - Muito bem, H! Então por que não vai em frente e realiza logo um desses seus sonhos?! Como já lhe disse, você tem tudo para ser uma ótima professora.


   - O senhor acha mesmo, Doutor? indagou H, já quase convencida de sua real importância.


   - Não só acho como tenho certeza de que será uma professora bastante competente e muito admirada por seus alunos, afirmou decididamente o Dr. Aurélio, olhando fixamente nos olhos de H.


   Eles se entreolharam, silenciosos, por um bom tempo... O tempo necessário para H perscrutar seu espírito... sondar sua mente... consultar seu coração... e abrir um largo sorriso, o qual contagiou de imediato o Dr. Aurélio, que retribuiu com outro não menos significativo sorriso.


   E foi justamente H quem primeiro quebrou aquela cumplicidade silenciosa, levantando-se abruptamente do divã, pegando sua bolsa e dizendo com firmeza:


   - Dr. Aurélio, o senhor nem pode imaginar como me fez bem conversar esta Horinha aqui com o senhor. Estou me sentindo outra letra! Estou com vontade de ir agora mesmo procurar alguma faculdade para me inscrever em seu vestibular, a fim de futuramente me tornar uma professora.


   - Muito bem, H! Estou gostando de ver sua mudança de atitude diante da vida. E desejo que você...


   - Quem deseja no momento alguma coisa sou eu, Dr. Desejo saber
sobre seus Honorários e se devo voltar ao seu consultório mais algumas vezes?


   - Olha, senhorita H, como nunca tratei de uma letra antes, nem sei lhe dizer quanto poderia cobrar pela consulta e, por isso, é melhor esquecermos isto por hoje... E quanto a retornar ao meu consultório... bem... pelo que estou vendo à minha frente, acredito que só nos encontraremos novamente em sua formatura de professora, isto é, se a senhorita se lembrar de me enviar um convite...


   O semblante tão sereno e sorridente do Dr. Aurélio e aquela prova sincera de confiança em sua determinação, a partir daquele momento, de que viria mesmo a ser uma professora, fizeram com que H ficasse extremamente emocionada e sem coragem de contestar aquela não cobrança da consulta.


   - Muito obrigada, Dr. Aurélio por essa gentileza e por me fazer despertar para minhas Habilidades. Este dia eu não o esquecerei jamais!!! Para mim, este foi o dia D da minha mudança interior como letra!!!


   Dr. Aurélio, num gesto enternecido, pega seu lenço, oferece-o a H, que está com os olhos completamente tomados por lágrimas de gratidão, e diz, com a voz um pouco embargada pela emoção:


   - Só uma correção no que você acabou de dizer, H: Hoje, não é o seu dia D, e sim o seu dia H!!!


   - Com certeza, Doutor, com certeza!!! O senhor entrou em minha vida na Hora H!!!


   Dr. Aurélio acompanha H até a porta de seu consultório, abraça-a como se estivesse abraçando sua própria filha, e a segue, com os olhos ainda úmidos, caminhar decididamente até o elevador, de onde H lhe faz um aceno carinhoso antes de entrar e desaparecer com seus sonhos de letra importante.


   Ele solta um suspiro de contentamento, fecha a porta da antessala ainda pensando no futuro brilhante que a H poderia ter se realmente fosse com coragem e determinação em busca de seus sonhos, e segue rapidamente para seu gabinete, pois pôde perceber pelo canto dos olhos que ainda havia mais uma paciente na sala de espera e ele não gostaria de deixá-la aguardando por muito tempo.


   Dr. Aurélio senta-se em sua poltrona com o propósito de agora se concentrar exclusivamente na próxima paciente , apanha a última ficha que está sobre sua mesa e, com o olhar e a alma novamente arregalados por um outro espanto, que desta vez não lhe seria tão inusitado assim, murmura o nome da paciente umas quatro vezes e interfona para sua secretária, dizendo:


   - Dona Seleta, pode pedir para a senhora X entrar.


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